Os progressos do CEDEX na coordenação de metodologias conjuntas no projeto Albufeira

O Centro de Estudos e Experimentação de Obras Públicas (CEDEX), um dos parceiros do projeto Albufeira, é um organismo espanhol de assistência técnica de alto nível no campo da engenharia civil e no ambiente associado, que presta o apoio técnico que o Ministério de Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana e o Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico precisam, assim como outras instituições, públicas e privadas, nacionais ou estrangeiras.

No projeto Albufeira, o CEDEX leva a cabo diversos trabalhos relacionados com o estudo do estado ecológico das massas de água, através do Centro de Estudos Hidrográficos (CEH). A sua principal função no projeto, junto com os parceiros portugueses, é rever a aplicação dos métodos de avaliação do estado ecológico das massas de água partilhadas mediante o uso de diferentes elementos de qualidade, incluindo os protocolos de amostragem e análise, e elaborar uma proposta de metodologia conjunta para implementar nestas massas.

A seguir, mostramos-lhe alguns dos seus últimos trabalhos.

 

Análise da flora aquática (macrófitos)

Os macrófitos aquáticos são plantas que vivem na água e que se podem ver a olho nu. Também são um dos elementos biológicos utilizados para estabelecer o estado ecológico dos rios e dos lagos. Estas plantas constituem um grupo heterogéneo, formado por, nomeadamente, plantas vasculares aquáticas, briófitos, carófitos e algas filamentosas.

 

“Melenas” de Cladophora e Spirogyra fotografadas no rio Maçãs (Douro), 2019.
Fotografia 1: Cladophora e Spirogyra fotografadas no rio Maçãs (Douro), 2019.

 

No projeto Albufeira foram estudadas as comunidades de macrófitos de mais de trinta rios fronteiriços e transfronteiriços, de acordo com o novo “Protocolo de colheita de amostras e identificação de macrófitos em rios vadeáveis”, elaborado recentemente pela Confederação Hidrográfica do Ebro.

Este protocolo introduz algumas modificações com respeito ao anterior protocolo oficial (“Protocolo de amostragem e laboratório de macrófitos em rios”, MAGRAMA-2015), especialmente no que se refere às espécies objetivo. Este novo método tem em consideração um maior número de espécies de microalgas, mais difíceis de determinar in situ e que, muitas vezes, precisam de ser amostradas com espátulas ou colheres para que se possam identificar posteriormente no laboratório.

 

Membro da equipa de amostragem fazendo apontamentos em campo in situ no Rio Sever (Tejo), 2019.
Fotografia 2: Apontamentos em campo in situ. Rio Sever (Tejo), 2019.

 

Colheita de amostra de alga com colher pequena no Rio Gévora (Guadiana), 2021.
Fotografia 3: Colheita de amostra de alga com colher pequena/espátula. Rio Gévora (Guadiana), 2021.

 

Ao longo das amostragens de vegetação aquática que se realizaram neste projeto, também foram utilizados instrumentos mais tradicionais, como pinças, tesouras, ancinhos, dragas, bandejas e vários frascos. Além destes instrumentos, utilizou-se um visor e uma máquina fotográfica subaquáticos, que nos permitiram observar e tirar fotografias debaixo de água.

 

Vista geral da utilização de um visor subaquático no rio Erjas (Tejo), 2019 e detalhe de briófito sobre o visor.
Fotografia 4: Utilização de um visor subaquático. Vista geral no rio Erjas (Tejo), 2019. E briófito sobre o visor.

 

Visão subaquática de pedras com a alga vermelha Hildenbrandia rivularis, e uma fotografia fosse do água de uma pedra mais pequena para realizar uma melhor colheita de amostras no Rio Sever (Tejo), 2021.
Fotografia 5: Imagem subaquática de pedras com a alga vermelha Hildenbrandia rivularis e pedra mais pequena, recolhida para ser fotografada fora da água e realizar uma melhor colheita de amostras. Rio Sever (Tejo), 2021.

 

Numa campanha de colheita de amostras em 2019, com o objetivo de realizar um ensaio para conhecer a cobertura geral de macrófitos no rio, utilizou-se um drone para tirar fotografias aéreas em dois dos rios, como se pode verificar na imagem seguinte:

 

Visão aérea da colheita de amostras (macrófitos e restantes elementos) no rio Sever (Tejo), 2019 e fotografia de dron e sonda multiparamétrica.
Fotografia 6: Imagem aérea da colheita de amostras (macrófitos e restantes elementos) no rio Sever (Tejo), 2019. E drone e sonda multiparamétrica.

 

Análise dos invertebrados bentónicos

Os invertebrados bentónicos constituem uma comunidade de organismos relevante em todos os ecossistemas aquáticos, especialmente nos rios. É por este motivo que também são utilizados há décadas para determinar o estado de conservação das massas de água.

No projeto Albufeira, através do CEDEX, foram estudadas as comunidades de macroinvertebrados, que são visíveis a olho nu, em conformidade com os protocolos oficiais estabelecidos, para determinar o estado ecológico de trinta rios fronteiriços e transfronteiriços.

Para realizar esta amostragem, utiliza-se uma rede manual, como a que se pode ver na imagem abaixo. O material é recolhido com esta rede, contra a corrente, em vários transectos (de 0,5 x 0,25 metros de área) distribuídos pelos diferentes habitats presentes no rio: substratos duros, detritos vegetais, margens vegetadas, macrófitos submersos, areias e outros sedimentos finos.

 

Colheita de amostra de invertebrados bentónicos no rio com recurso a uma manga de amostragem (rio Sever, maio de 2019).
Fotografia 7: Colheita de amostra de invertebrados bentónicos no rio com recurso a uma manga de amostragem (rio Sever, maio de 2019).

 

Amostra obtida com recurso a uma manga de amostragem no rio Sever, (maio de 2019).
Fotografia 8: Amostra obtida com recurso a uma manga de amostragem. A partir dela, são extraídos, no laboratório, os invertebrados presentes (rio Sever, maio de 2019).

 

As amostras são levadas para o laboratório, onde são processadas e analisadas para se realizar a identificação de espécies, géneros ou famílias (taxonomia) e a quantificação dos organismos presentes. Com os dados obtidos, calcula-se as métricas ou os índices estabelecidos na legislação vigente e determina-se o estado ecológico de cada massa de água.

 

Análise e cálculo de métricas de fitoplâncton nas albufeiras

O fitoplâncton é uma das comunidades mais relevantes nos ecossistemas aquáticos de águas estagnadas (lagos, zonas húmidas, albufeiras, etc.). Assim, o seu estudo é utilizado para estabelecer o estado de conservação destas águas.

Para calcular o estado/potencial ecológico deste tipo de massas de água, o protocolo atualmente vigente (MFIT_2013 versão 2) determina que se devem calcular as métricas seguintes:

  • Concentração de clorofila a
  • Biovolume total de fitoplâncton
  • Percentagem de cianobactérias
  • Índice de Grupos Algais (IGA)

 

Para calcular a concentração de clorofila a, filtra-se um volume conhecido de água com filtros de microfibra de vidro, que se congelam in situ mediante nitrogénio líquido. Posteriormente, realiza-se a extração com acetona e a medição com espectrofotómetro no laboratório.

 

Procedimento de obtenção de amostra de clorofila em campo.
Fotografia 9: Procedimento para obter uma amostra de clorofila em campo.

 

Para determinar os restantes parâmetros, a amostra é fixada em campo com Lugol e, no laboratório, é sedimentada em câmaras de Utermöhl.

 

Fixação das mostras após sua tomada para as posteriores análises no laboratório.
Fotografia 10: Após a sua colheita, as amostras são fixadas para serem analisadas posteriormente no laboratório.

 

Sedimentação da amostra com câmaras Utermöhl, para a análise de fitoplâncton.
Fotografia 11: Sedimentação da amostra com câmaras Utermöhl, para a análise de fitoplâncton.

 

Posteriormente, com um microscópio invertido, realiza-se a identificação das espécies (taxonomia), a recontagem das células e o cálculo dos biovolumes para proceder ao cálculo das métricas.

 

Medição de táxones para proceder ao cálculo do seu biovolume.
Fotografia 12a: Medição de táxones para proceder ao cálculo do seu biovolume.

 

Medição de táxones para proceder ao cálculo do seu biovolume.
Fotografia 12b: Medição de táxones para proceder ao cálculo do seu biovolume.

 

Como vimos, com o CEDEX foram levadas a cabo diferentes campanhas de amostragens de elementos biológicos e físico-químicos em diversas massas de água partilhadas com Portugal, em rios, estuários e albufeiras. Se quiser ver fotografias destas amostragens, recomendamos-lhe que aceda ao nosso banco de imagens sobre estes trabalhos, onde poderá ver as equipas de Portugal e de Espanha a trabalhar conjuntamente para realizar a monitorização do estado e do potencial ecológico das massas de água partilhadas.